quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Origem do Curso de Ciência da Computação na UFRJ

Este é um artigo que eu escrevi sobre a criação do Curso da Ciência da Computação para um trabalho de Organização da Informação. Eu achei bem interessante o tema e o resultado, assim como a história toda, e por isso estou colocando aqui no meu blog.
Este texto já está escrito há muito tempo, mas por questão de exclusividade do trabalho, só agora que eu publico.

--


A Origem do DCC


O Curso de Ciência da Computação é hoje um dos cursos mais procurados no vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, superando até mesmo algumas das mais tradicionais engenharias e cursos diversos. Conheça um pouco mais da gloriosa e - até de certa forma -interessante história do surgimento deste curso de graduação na UFRJ.

Em meados da década de 60, os computadores começaram a se transformar em peças fundamentais para as grandes e médias empresas de todo o mundo, o que gerou uma enorme procura de profissionais da área para gerenciar essas novas máquinas das quais poucas pessoas tinham algum conhecimento, mas havia um déficit de mão-de-obra que resultava numa consequente queda na produção de novos computadores. As empresas queriam fabricar, mas não havia quem os fizesse.  Percebendo a gravidade da situação, as universidades – principalmente as estadunidenses – começaram a criar novos cursos com ênfase em computação e, posteriormente, cursos exclusivos para a área de computação.

No Brasil não foi muito diferente. No final da década de 1960 começaram a chegar os primeiros computadores de grande e médio porte para as empresas que aqui atuavam e não havia muitos profissionais prontos para trabalhar neste segmento. Percebendo isso, diversas universidades brasileiras começaram a criar programas de pós-graduação em informática a fim de criar pesquisadores que fossem capazes de orientar e criar novos equipamentos computacionais no próprio país. Um destes cursos foi o Programa de Pós-graduação em Engenharia e Sistemas de Computação, criado em 1968 pela COPPE/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia - Coordenação dos Programas de Pós Graduação em Engenharia de Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Com a criação do novo curso e o retorno de profissionais que estavam fazendo pós-graduação em computação no exterior, houve um grande aumento no número de pesquisas e estudos ligados à informática no Brasil. Um grupo destes pesquisadores foi convidado para fazer parte da equipe do NCE (Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro); entre os que aceitaram o convite estavam Ivan da Costa Marques e Ysmar Vianna e Silva Filho.  Lá, conversando com os outros pesquisadores do NCE, da USP e da PUC-Rio, começaram a idealizar sobre a evolução computacional no Brasil.

Com o convívio das pesquisas e contato com outras universidades brasileiras, este grupo de pesquisadores notou a necessidade de se incentivar a indústria de computadores no Brasil. A ideia era criar empresas totalmente nacionais que construíssem e fabricassem novas tecnologias, o que tornaria o Brasil, dentro de alguns anos, autossuficiente em tecnologia computacional. Este grupo formou então uma corrente acadêmica a favor desta proposta que, anos mais tarde, resultou na aprovação de uma lei que tornava o comércio e a fabricação de minicomputadores uma reserva de mercado no Brasil; ou seja, apenas empresas brasileiras podiam fabricar e vender computadores de médio porte no país.

Tudo ia como o planejado: empresas brasileiras começaram a desenvolver computadores, o Brasil entrava na era do desenvolvimento tecnológico e, ao que parecia, poderia se tornar autossuficiente em computadores dentro de algumas dezenas de anos. Porém havia um problema: não havia gente no mercado brasileiro que pudesse dar suporte completo a tal indústria. Havia os alunos de pós-graduação, que geralmente são focados em pesquisa e desenvolvimento e não na fabricação de novos computadores; e os engenheiros, que faziam cursos de programação em empresas multinacionais, não sendo muito voltados para a arquitetura de computadores. Percebendo isso que Ivan Marques, juntamente com Ysmar Silva Filho, João Lizardo e Miguel Jonathan, os dois últimos da COPPE, decidiram criar um curso de computação na UFRJ, um curso que formasse profissionais capacitados a criar, fabricar e programar um computador.

Seguindo o modelo dos melhores cursos de computação oferecidos pelas universidades estadunidenses, foi elaborada uma grade curricular para a formação deste novo curso de graduação. Não havia muitos outros cursos de graduação neste seguimento aqui no Brasil, sendo apenas encontrados alguns recém-criados na USP e na PUC-Rio.

A princípio cogitou-se na COPPE sediar o curso, porém, por ser um instituto voltado apenas à pós-graduação, não faria muito sentido sediar um curso de graduação. Se a COPPE não podia sediar o curso, a saída mais obvia seria procurar a Escola de Engenharia da UFRJ, uma vez que se via uma maior proximidade da computação com a engenharia do que com os demais cursos de graduação. O grupo então apresentou o projeto de novo curso para o diretor da Escola de Engenharia, que rejeitou imediatamente o projeto. Para ele, computação não tinha nenhuma ligação com engenharia.

Com uma grade curricular pronta em mãos e sem saber o que fazer com ela, Ivan Marques se encontrou acidentalmente com seu amigo, Professor Guilherme de La Peña, na época diretor do Instituto de Matemática da UFRJ, e contou sobre o projeto de criação de novo curso e a dificuldade de encontrar um instituto no qual pudesse ser sediado o curso após a negação da COPPE e da Escola de Engenharia. Observando a situação e o potencial do curso, o Prof. Guilherme de La Peña ofereceu sediar o curso no Instituto de Matemática. A princípio todos ficaram receosos sobre a Matemática sediar o curso, mas foi o próprio Prof. Guilherme de La Peña quem convenceu o grupo de fundadores do curso e a congregação do instituto (responsável, dentre outras coisas, por autorizar a criação de novos cursos) de que os computadores tinham um grande fundamento matemático e por isso poderia ser perfeitamente sediado ali. 

A autorização não foi fácil, mas após o comprometimento da COPPE e do NCE de ceder laboratórios e professores para o curso, uma vez que o instituto não havia como fornecê-los, o projeto foi aprovado. Surgiu então o Bacharelado em Matemática – Modalidade Informática, cujas aulas eram dadas nas salas do NCE, tendo a sua primeira turma em 1974.

Para entrar no curso, os alunos deveriam cursar por dois anos o curso básico (semelhante ao que conhecemos hoje na engenharia como ciclo básico) e então, após aprovação, podiam escolher entre as carreiras oferecidas (estatística, matemática aplicada, etc), a ênfase em computação. Eram fornecidas apenas 30 vagas por ano e alunos de cursos ministrados nos prédios do CT (Centro de Tecnologia da UFRJ) e do CCMN (Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza) que não fizessem o bacharelado em Matemática também podiam concorrer a estas vagas.

A procura foi enorme e o curso foi um sucesso, sendo plenamente aceito pelo mercado e muito prestigiado pela sociedade acadêmica. Na época, o curso tinha duração de quatro anos (dois do curso básico e mais dois da ênfase em computação).

Os anos se passaram e a evolução da informática fez com que o curso mudasse em diversos aspectos: foram criadas novas disciplinas e grades obrigatórias; o curso mudou de nome duas vezes (Bacharelado em Matemática Aplicada – Moralidade Informática, em 1983; e Bacharelado em Informática, em 1988); também em 1988, foi aprovado pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC; e, finalmente em 1993, o curso começou a oferecer vagas para o ingresso direto pelo vestibular da UFRJ.

Já em 1999, o MEC estabeleceu as chamadas Diretrizes Curriculares para diversos cursos, inclusive para os de informática. Esta diretriz normatizava os cursos de informática no Brasil e sugeria uma padronização de seu nome, uma vez que um mesmo curso tinha nomes diversos em diferentes universidades brasileiras. Estes cursos deveriam passar a se chamar Engenharia da Computação ou Ciência da Computação. Como o curso da UFRJ era ligado ao Instituto de Matemática e não à Escola de Politécnica (antiga Escola de Engenharia – o nome foi alterado em 2003), decidiu-se escolher por Ciência da Computação. Em 2003, em reunião ordinária do Conselho Universitário, a terceira e última alteração do nome do bacharelado foi aprovada.

Apesar de considerado por algumas empresas um curso deficitário na área de negócios, aplicações web e tecnologia móvel, o Curso de Ciência da Computação da UFRJ é um dos mais bem vistos no mercado, recebendo a nota máxima em todas as provas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) da qual participou e em outras diversas avaliações nacionais e até internacionais. Seus alunos se destacam no mercado pela grande capacidade de aprendizado, desenvolvimento de novas tecnologias e por suas iniciativas dentro das empresas. Atualmente é difícil encontrar um aluno de Ciência da Computação da UFRJ mal posicionado no mercado, fato que é um dos principais chamarizes para que novos alunos entrem no curso e deem continuidade a este incrível projeto que começou em 1974 e até hoje colhe belíssimos frutos mundo a fora.

[Links Relacionados]
Departamento de Ciência da Computação da UFRJ – http://www.dcc.ufrj.br
Instituto de Matemática – http://www.im.ufrj.br
Núcleo Computação Eletrônica – http://www.nce.ufrj.br
Escola Politécnica – http://www.poli.ufrj.br
Página do Professor Miguel Jonathan - http://www.dcc.ufrj.br/~jonathan/
Currículo Lattes do Professor Ivan da Costa Marques - http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4781610Y6


[Colaboraram com este artigo]
Professor Miguel Jonathan
Departamento de Ciência da Computação da UFRJ

domingo, 5 de dezembro de 2010

Feriados 2011 - Rio de Janeiro/RJ

01/01/2011 - Confraternização Universal (sábado)
20/01/2011 - Dia de São Sebastião (5ª feira)
07, 08 e 09/03/2011 - Carnaval e Cinzas (2ª, 3ª e 4ª feiras)
21/04/2011 - Dia de Tiradentes (5ª feira)
22/04/2011 - Sexta Feira Santa (6ª feira)
23/04/2011 - Dia de São Jorge (sábado)
01/05/2011 - Dia do Trabalho (domingo)
23/06/2011 - Dia de "Corpus Christi" (5ª feira)
07/09/2011 - Dia da Independência do Brasil (4ª feira)
12/10/2011 - Dia de Nossa Senhora Aparecida (4ª feira)
28/10/2011 - Dia do Funcionário Público (6ª feira)
02/11/2011 - Dia de Finados (4ª feira)
15/11/2011 - Dia da Proclamação da República (3ª feira)
20/11/2011 - Dia da Consciência Negra (domingo)
25/12/2011 - Natal (domingo)

Lembrando que a segunda-feira de Carnaval(07/03) e "Corpus Christi"(23/06) não são feriados oficiais, apenas pontos-facultativos em algumas empresas e instituições.