sábado, 29 de janeiro de 2011

Tributo a Katharine Santoro Lopes

Katharine,

Acho que a gente nunca se deu tão bem quanto podia, mas sei que lá no fundo havia um coleguismo muito grande e uma alegria que ficará comigo para sempre. Sei que não tivemos muito contato, mas algumas histórias suas que aconteceram no Sagrada Família ficarão pra sempre na minha memória.

Uma das minhas recordações mais loucas que eu vou guardar de você é a do dia, na sexta série - lembra? - quando soubemos que a professora de português substituta iria sair. Lembro-me até hoje deste dia, quando entraram na sala dizendo que você ia pular da passarela das freiras se ela não virasse a titular. Acabou que o colégio inteiro foi lá pra ver o que estava acontecendo e até eu fui lá tentar negociar a rendição. No momento foi tenso, mas hoje lembro com um largo sorriso, e tenho certeza que você lembra da mesma forma.

Lembro-me também de uma briga que tivemos, não me lembro o motivo, mas lembro do desfecho: uma furo no meu braço feito com uma caneta azul da Faber-Castell. Fomos os dois parar na diretoria e eu tive que fazer um curativo, por menor que fosse o buraco, com medo de pegar uma infecção. Depois, voltamos os dois conversando e sorrindo pra sala de aula, como se nada tivesse acontecido.

Lembro-me também de uma vez quando um aluno da nossa turma, o Allan, criou uma enquete no site dele (hospedado no HPG!!!)  e divulgou isso lá na sala de informática. O seu nome era o único completo. A confusão foi tão grande que a diretora teve que ir lá pra resolver. O Allan, esperto como sempre, retirou a enquete do ar, mas a professora, que já tinha a página aberta antes dele tirá-la do ar, tirou um PrintScreen da tela. Foi nesse dia que eu aprendi o que o aquele botão mágico fazia. Utilizo isso largamente, e quando eu descobriria essa função sem esse momento?

Uma vez, há muito tempo atrás, quando eu saia da casa de um grande amigo meu, eu encontrei com você. Estávamos eu e Allan. Faziam anos que não nos víamos, e o que mais me surpreendeu foi o carinho que se lembrava de mim e da forma como havia amadurecido e ficado tão bela. Não, não teríamos nenhuma chance, mas hoje eu confesso que se eu tivesse tido mais paciência, mais chances de nos conhecermos melhor, estaríamos muito mais próximos e formando uma bela amizade.

Sei que são simples lembranças, mas que vou guardar pra sempre.

Confesso que nunca me imaginei escrevendo isso - quem pudera imaginar que ela, na flor da idade, fosse morrer dessa forma tão trágica - mas ficam aqui as minhas lembranças, para que pelo menos um pouquinho de você ainda fique guardado para a eternidade.

Fique com Deus e descanse em paz, Katharine. Saiba que daqui estamos todos enviando forças pra você e vê se não esquece dos amigos, tá!? Olha daí de cima pra gente.

Vamos todos sentir muita falta.

Um grande beijo,

André

Katharine Santoro Lopes
* 21/09/1991
+ 28/01/2011

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Katharine estudou comigo na turma 163 em 2003 no Colégio Educandário Sagrada Família, em Vila Isabel - Rio de Janeiro. No ano seguinte, com o fim do turno da tarde, fomos os dois para turmas diferentes, eu na 171 e ela na 172, mas mantivemos algum contato. O mesmo se repetiu na 8ª série. Desde o fim de 2005 eu não tinha mais grandes contatos com ela, quando em 2008 eu encontrei-a na Av. 28 de Setembro, junto com o Allan. Desde então, algumas vezes em que eu andava pela av, encontrávamos e apenas nos cumprimentávamos. Tinha notícias dela através de alguns amigos e das atualizações no Orkut. Por menor que tenha sido o meu contato com ela, sei que era uma pessoa muito boa, alegre, e que fará falta para muitos.